por Marcelo Tas

FERNANDA DA LATA

Quem não conhece Fernanda Abreu, pensa tratar-se de uma garota metida. E acerta em cheio: ela é metidíssima. E esta é apenas uma das suas qualidades.
Quanto mais Fernandinha conecta suas antenas com os batuques do planeta, mais ela se torna carioca e pontiaguda como o Pão-de-Açúcar. E quanto mais carioca; mais ela se torna paulista, pernambucana, novaiorquina, paquistanesa e universal, como diz o provérbio.
Neste CD, ela vai a Londres. E se mete com os neguinhos e neguinhas do Soul II Soull (cujo produtor é um branquelo suíço: o Will Mowat). E como é mais metida do que os próprios britânicos, acabou acariocando a moderna África que vem da Inglaterra.
Aqui está a qualidade da metideza da moça. Fernanda está plugada no mundo, mas não está subordinada a ninguém.
Esta é a marca “Da Lata”: um big mix pau a pau de DJs cariocas e londrinos, paulistas e parisienses, gregos e goianos… É uma timbalada na arquibancada. Uma espécie de encontro esportivo-musical do Gaviões da Fiel com o Morro da Mangueira. Dos holligans do Manchester United com os Wailers da Jamaica.
Todos temos de aprender a ser metidos como a Fernanda. De peito estufado, olhar altivo e samba-funk no pé. E deixar de sermos o brasileiro das crônicas de Nélson Rodrigues, com as mãos nos bolsos, chupando laranjas e empesteados pelo complexo de vira-latas do terceiro mundo. Deus abençoe a metideza da Fernandinha. E a sua encantadora beleza de garota carioca suingue sangue bom.

MARCELO TAS