por Will Mowat

I am writing this with a heavy heart, for this evening Fernanda and her friends are leaving my great city of London to return home to Rio de Janeiro. We’ve come to the end of making of her third album. The work started one and a half years ago, so you can undestand my sadness that it is all over!

My involvement with Fernanda went through several stages. It started when I first came to Brazil in the Autumn of 1993 with Soul II Soul, who were doing some concerts in São Paulo and Curitiba. I went into a record shop and bought a collection of albums, amongst which was Fernanda’s BE SAMPLE. I didn’t hear any of the music until I returned to London, but when I did, Jorge de Capadócia played over and over again until my CD player blew up!

That was the trigger – I just had to find out who this Fernanda Abreu was! I faxed her management company to tell them how much I liked what I heard, and they responded by saying how much Fernanda liked Soul II Soul, and that they were starting to think about her next album.

We continued to communicate, and in January 1994, I travelled to Rio de Janeiro to meet Fernanda and her people. In the two weeks that I was there, I saw her in action in a number of concerts in Rio and Salvador. We also wente into a studio in Rio to put some ideas down.

And that was that until the Autumn of that year, when Fernanda came over to London to continue with the projetct. She brought with her some ideas she had been working on. Within days we had prepared four demo songs; these were the first “proper” songs of the album – the album was on its way! Fernanda made lots of friedns here. We all remember her visit because while her feet were on English soil, it didn’t rain once and the sun shone every day. The moment her plane took off for Brazil, the heavens opened and it rained and rained.

In March of this year, I flew into Rio again. Brazil was fast becoming one of my spiritual homes on Earth, with Rio’s Zona Sul being one of the places in the world I would happily make my home. In the month I was there, I became a fan of the Carioca way of life, a fan of Flamengo (3-2 against Botafogo, hah!) and a fan of all the wonderfully talented and creatively musical souls that we brought into the album.

My friend and fellow-producer on Fernanda’s album, Liminha, had already completed his songs by the time I arrived, so the day after I finished mine, we left for London to mix at Soul II Soul studio. Our mix went to plan (almost!), which meant that we finished up with a superb album, a loud and assertive statement of where Fernanda is at this point of her career, and a great basis for her continuing future development. How would you describe it? There’s funk, of course. Oodles of groove. Melody. Harmony. Dance. There’s a string orchrestra. And Mangueira percussion. And… Fernanda at the centre, laying it on the line.

She was a joy to work with, a pussycat even. If Fernanda is an icon for Rio, she is also a person and artist in her own right. She has a strong and unique musical personality which is quite unlike anuthing else that’s going on in Brazil, and I really wanted that to come through. I think we succeeded.

WILL MOWAT

Escrevo este texto com um peso no coração. Hoje a noite Fernanda e seus amigos estão deixando a minha fantástica cidade de Londres, para retornar ao Rio de Janeiro. Chegamos ao fim da produção do seu terceiro disco. Trabalho que começou há um ano e meio, então pode-se entender a minha tristeza agora que chegou ao fim.

Meu envolvimento com a Fernanda passou por diversas etapas. Tudo começou quando fui ao Brasil pela primeira vez no outono de 1993 com o Soul II Soul, para fazer shows em São Paulo e Curitiba. Entrei numa loja e comprei uma coleção de discos, entre os quais “Be Sample” da Fernanda. Não pude ouvir nenhum deles até voltar a Londres, mas aí então, Jorge de Capadócia tocou sem parar até detonar meu CD player!

Foi o estopim! – Eu tinha que descobrir quem era esta Fernanda Abreu! Mandei um fax à sua gravadora pra dizer o quanto eu tinha gostado do que tinha ouvido e eles responderam dizendo o quanto a Fernanda gostava do Soul II Soul, e que estavam começando a pensar no seu próximo disco.
Continuamos os contatos e em janeiro de 94 viajei ao Rio pra conhecer Fernanda e sua turma. Nas duas semanas que passei lá, eu a vi ao vivo em shows no Rio e Salvador. Também gravamos num estúdio do Rio algumas idéias iniciais.

E isso foi tudo, até o outono de 94, quando Fernanda veio a Londres pra dar continuidade ao projeto. Ela trouxe algumas idéias nas quais vinha trabalhando e em poucos dias já tínhamos uma DEMO com quatro músicas. Essas foram as primeiras faixas “propriamente ditas” do disco. Havia sido dada a largada. Fernanda fez muitos amigos aqui. Todos lembramos de sua visita porque enquanto seus pés estiveram em solo britânico, não choveu nenhuma vez e o sol brilhou todos os dias. No instante em que seu avião decolou, o céu abriu e choveu sem parar.

Em março deste ano, voltei novamente para o Rio. O Brasil rapidamente estava se tornando um dos meus lares espirituais na Terra e a Zona Sul do Rio, um dos lugares do mundo onde eu moraria com o maior prazer. Durante o mês que passei lá, virei fã do estilo de vida carioca, fã do Flamengo (3-2 contra o Botafogo, hah!) e fã de todas as criativas e talentosas almas musicais que participaram do disco.

Meu amigo e co-produtor no disco de Fernanda, Liminha, já tinha concluído as suas faixas quando eu cheguei, por isso um dia depois que concluí as minhas, partimos pra Londres pra fazer a mixagem nos estúdios do Soul II Soul. A mixagem correu de acordo com nossos planos (quase), o que significa que terminamos com um disco excepcional. Uma expressão clara e segura de onde Fernanda se encontra neste momento de sua carreira e uma base sólida para o seu desenvolvimento no futuro. Como descreve-lo? Tem funk, é claro. Toneladas de grooves. Melodia. Harmonia. Dance. Tem uma orquestra de cordas. E percussão da Mangueira e… Fernanda no meio disso tudo botando pra quebrar.

Foi um prazer trabalhar com ela, que além de tudo é uma gata. Se a Fernanda é um ícone para o Rio, também é uma pessoa e uma artista com personalidade própria. Uma personalidade musical forte e única, bastante diferente de tudo que acontece no Brasil, que é o que eu queria mostrar. Acho que conseguimos.

Tradução: Monika Pecegueiro do Amaral e Simon Fuller