Segue aqui um dos melhores discos lançados no Brasil nos últimos anos.
Conforme vocês vão descobrir, a energia está sempre presente em todas as faixas. Este CD é extremamente dinâmico e “uplifting”, com arranjos e produção avançadíssimas. Ele passa por estilos que vão desde o hip hop ao samba, além do funk e dance, entre outros. Tem até balada. E com os vocais sempre fortes e seguros da Fernanda, vocês podem se prevenir para uma “trip” inesperada. Garantida! Seria impossível falar de cada faixa individualmente, mas vão aqui alguns destaques:
“Eu Quero Sol”, música de super bom gosto! Especialmente as contra-linhas de sintetizador em portamento (glissando). A guitarra acústica deu um sabor “caseiro” bem despretensioso.
“Baile da Pesada”, para não ficar atrás, usa os sons da antiga (mas sempre moderna) bateria eletrônica Roland TR-88 (famosíssima pelos seus sons bem únicos e inovadores para a época em que surgiu), além de uma coleção de efeitos interessantíssimos, usados na hora e no lugar certos…
“Fatos e Fotos”, com linha de baixo à la Stevie Wonder (nos “choruses”) e guitarra “rasqueada” e muitos outros efeitos e climas que dão a essa faixa o status de uma das melhores do disco.
“Meu CEP é o seu”, com um “pattern” harmônico da pesada (definido pelo violão), dando um sabor misterioso, até a linha “bluesy” do Fender Rhodes que se repete exatamente onde deveria. Sem falar nas harmonias paralelas “independentes” do sintetizador. Uma delícia!
“Urbano Canibal”, interessantíssima! Estão de parabéns Fernanda e Lenine pelo trabalho. Ela leva um clima propositalmente tenso o que coloca esta faixa bem no centro do conceito do disco. A batida ficou ótima e definiu muito bem a imagem desejada. Aliás, quase todas as músicas circulam fielmente ao redor do tema escolhido e definido pelo título (Entidade Urbana), o que ajuda a reforçar a continuidade do disco.
Fico muito satisfeito quando vejo um trabalho bem feito como esse. Desde a produção até o desempenho dos músicos (todos de altíssima qualidade). Trabalho impecável. Destaque especial ao tecladista (talvez porque eu também toque teclados…) que em certos trechos me traz felizes lembranças do meu próprio estilo (“Meu CEP é o seu”, por exemplo). Menção especial ao Liminha, que além de produção também participou extensivamente como músico. Estão todos de parabéns.
Também gostei muito da idéia de terem utilizados sons caseiros, principalmente nas partes de percussão (amolador de facas, prato, fósforo etc.). Sons que foram mixados bem sutilmente “dentro” das outras sonoridades principais. Bem maneiro.
Enfim, como já tinha dito antes, o clima geral do disco define muitíssimo bem seu título. Desde as linhas do baixo (muito bem desenhadas e executadas) até às harmonias dos vocais (com momentos bem inovadores), todos os recursos foram utilizados e todos muito “sneaky”. A Fernanda é uma felizarda. Acertou mais uma vez. Aliás, eu sou fanzoca já há algum tempo atrás. Agora então, fiquei mais ainda… Divirtam-se!
Eumir Deodato
Piermont, Nova Iorque