30 Anos de Baile
2021
1  JORGE DA CAPADÓCIA (GUI BORATTO REVISITA)
2  KÁTIA FLÁVIA, A GODIVA DE IRAJÁ (BRUNO BE REMIX)
3  A NOITE (DJ ZÉ PEDRO & DJ MEME NIGHTLIFE MIX)
4  BIDOLIBIDO (VINTAGE CULTURE & SHAPELESS REMIX)
5  RIO 40 GRAUS FEAT.DJ SOUL’AMOUR (ANI PHEARCE REMIX)
6  VENENO DA LATA (TROPKILLAZ REMIX)
  VOCÊ PRA MIM FEAT. PROJOTA (DENNIS DJ REMIX)
8  SABER CHEGAR (CORELLO DJ & DOUGLAS MARQUES REMIX)
9  DELICIOSAMENTE (DJ MEME SHORT REMIX)
10  TORCER PELA PISTA (FANCY INC REMIX)
11  TAMBOR (DANNY DEE 808IES REMIX)
12  OUTRO SIM FEAT. EMICIDA (RUXELL REMIX)
13  SPACE SOUND TO DANCE (MILLOS KAISER MIX)
JORGE DA CAPADÓCIA (GUI BORATTO REVISITA)
KÁTIA FLÁVIA, A GODIVA DE IRAJÁ (BRUNO BE REMIX)
A NOITE (DJ ZÉ PEDRO & DJ MEME NIGHTLIFE MIX)
BIDOLIBIDO (VINTAGE CULTURE & SHAPELESS REMIX)
RIO 40 GRAUS FEAT.DJ SOUL’AMOUR (ANI PHEARCE REMIX)
VENENO DA LATA (TROPKILLAZ REMIX)
VOCÊ PRA MIM FEAT. PROJOTA (DENNIS DJ REMIX)
SABER CHEGAR (CORELLO DJ & DOUGLAS MARQUES REMIX)
DELICIOSAMENTE (DJ MEME SHORT REMIX)
TORCER PELA PISTA (FANCY INC REMIX)
TAMBOR (DANNY DEE 808IES REMIX)
OUTRO SIM FEAT. EMICIDA (RUXELL REMIX)
SPACE SOUND TO DANCE (MILLOS KAISER MIX)
30 Anos de Baile
2021
por Claudia Assef
por DJ MEME

Em 1990, o Brasil vivia o auge da lambada e da música sertaneja enquanto os mais modernos curtiam lançamentos gringos que bebiam na fonte da dance music. Madonna, Dee Lite, Black Box, Erasure, Snap, Technotronic e Soul II Soul espalhavam pelas ondas do rádio e nos clubs das grandes cidades brasileiras um pouco do que rolava nas pistas dos EUA e da Europa. Até que surgiu uma cantora carioca que mudaria o jeito da gente entender a música pop dançante produzida no Brasil.

A revolução veio pela voz, letras e atitude cool de Fernanda Abreu, cantora que o país todo já conhecia desde os anos 80 por seu trabalho com a banda Blitz. Mas, o que ela apresentaria ao país, na estreia de sua carreira solo, em fevereiro de 1990, com o lançamento de “A Noite”, primeiro single de seu álbum de estreia, “SLA Radical Dance Disco Club”, mudaria tudo de lugar.

Pra começo de conversa, era um disco de autoafirmação feminina, já que conclamava a criação de um “dance disco clube radical da Sampaio de Lacerda Abreu”, sobrenome de Fernanda, o SLA do nome do disco.

Começando pela capa, preto e branca e desfocada, Fernanda não era mais aquela garota solar da Blitz. A “nova” Fernanda Abreu era da noite, vestida pra boate e munida de samples e batidas eletrônicas até os dentes. Fernanda propunha uma revolução e sabia que seria televisionada (pela MTV, inclusive).

Assim como “A Noite”, o resto do álbum apresentava ao público uma música pop com beat eletrônico, um estilo até então inédito no país, com samples e sequenciadores. Uma linguagem nova. Uma ousadia para uma grande gravadora peitar.

Quando mostrou as primeiras demos do que viria a ser SLA Radical Dance Disco Club/b>” à EMI, Fernanda ouviu do então diretor da gravadora, Jorge Davidson: “Adorei, que coisa diferente. Mas, você sabe, não tem mercado no Brasil pra essa coisa dançante”. A resposta de Fernanda foi assertiva: “Não tinha, vamos inaugurar! Acredita que vai dar certo”. O resto é história. Fernanda se tornou a nossa rainha da dance, do funk, do sample, da música black de baile e, principalmente, dos DJs.

E é sobre essa longeva e simbiótica relação, de Fernanda com o universo DJ, que se descortina agora “Fernanda Abreu: 30 Anos de Baile”, um disco que reúne 15 DJs/produtores com a deliciosa missão de remixar o filé dançante dos 30 anos de carreira solo da cantora e bailarina

A lista de convidados é eclética e traduz o panorama da pista de dança hoje no Brasil, cobrindo estilos diversos, do funk ao trap, da house ao techno, do rap ao electro, representados por nomes da atual geração, como Vintage Culture, Gui Boratto, Bruno Be, Tropkillaz, Fancy Inc e DJs clássicos, que ajudaram a erguer as paredes dos bailes, como Corello DJ, Zé Pedro, Dennis DJ e Memê, este último encarregado de fazer a direção artística do álbum. Além do grande elenco de remixers, há também no disco as participações especialíssimas dos rappers Emicida e Projota.

No álbum, os convidados puderam repaginar para as pistas de dança, cada um à sua maneira, clássicos absolutos da discografia de Fernanda Abreu, como “Jorge da Capadócia (que ganhou remix de Gui Boratto), “Kátia Flávia, A Godiva de Irajá” (em versão de Bruno Be), “Veneno da Lata” (by Tropkillaz), “Você Pra Mim” (que ganhou feat de Projota, com remix de Dennis DJ), “Outro Sim” (repaginado por Ruxell, com vocais de Emicida), entre outras.

Durante todos esses anos de convivência, percebi com clareza que Fernanda sempre apostou fichas nos DJs, criando com eles um laço carinhoso de convivência, harmonia e respeito”, destaca Memê, que também assina, ao lado da cantora, a produção executiva de “Fernanda Abreu: 30 Anos de Baile”.

É bom lembrar que Memê, aka do DJ e produtor musical Marcello Mansur, é um dos maiores nomes da nossa house music, além de ser um mestre em misturar, com a precisão cirúrgica de um mixologista, música pop e eletrônica, feito que o consagrou em parcerias com artistas como Lulu Santos, Shakira, Gabriel O Pensador, Tim Maia, além da própria Fernanda.

É tanta história e serviços prestados à música dançante brasileira nesses 60 anos de vida de Fernanda Abreu, data celebrada no dia 8 de setembro último, que só um disco de remixes não seria capaz de festejar tanto suingue e sede de baile. O lançamento acabou se desdobrando em um álbum com 13 faixas e outro com 8 extended versions, mais próprias pra tocar nas pistas.

Desde o lançamento do meu primeiro disco, ‘SLA Radical Dance Disco Club’, em 1990, eu recebo o carinho e o entusiasmo dos DJs com meu som. E agora, 30 anos depois, é muito prazeroso para mim celebrar essa parceria lançando esse projeto, ‘Fernanda Abreu 30 Anos de Baile’, prestando uma homenagem a essa cena que amo tanto e fortalecendo ainda mais essa parceria nas pistas, nas festas e nos bailes“, afirma a cantora.

Fernanda Abreu tem não apenas o corpo flexível e atlético que os anos como bailarina a ajudaram a moldar, mas também sua alma e mente aspiram o novo. Por isso, seu próximo projeto já está em andamento. “Em 2022, vem aí ‘30 Anos de Baile por Elas’(nome provisório), remixado só por mulheres DJs e produtoras musicais desse nosso Brasil”, adianta Fernanda.

Ao longo de oito discos de estúdio, dois registros ao vivo (DVDs), 23 singles, quase 20 videoclipes nesses 31 anos de carreira solo, a biografia de Fernanda afrontou padrões e misturou o que não era misturável: uniu funk com batuque, usou samples e bateria eletrônica para fazer música pop, cantou seu amor pelos DJs citando a nata dos bailes, de Ademir Lemos a Monsieur Limá (em “Baile da Pesada”), trouxe a dança para o front, introduziu o funk carioca para a Zona Sul e, por fim, criou uma identidade brasileira de fazer dance music.

A inspiração pode até ter vindo de fora, de ícones como Madonna, Michael Jackson e Prince, mas Fernanda traduziu como ninguém o pop internacional para o nosso clima tropical e caótico, eternizando frases como “Rio 40 graus, cidade maravilha, purgatório da beleza e do caos” ou “Dá gosto de ver a inteligência movendo um corpinho como esse”, tirada da música que virou sinônimo dela mesma,“Garota Sangue Bom”.

Se hoje não existem barreiras para produções eletrônicas com vocais em português é porque, 31 anos atrás, lá estava Fernanda abrindo trilhas quando tudo era mato. Junto com ela, atuando como seu fiel elenco de apoio, estavam os DJs. Que comece esse baile da pesada, com alto e bom som!

Data estrelar: Meados de outubro de 1989. Final de show na extinta Jazzmania, em Ipanema, onde dei a sorte de assistir a um pocket show histórico que encerrava de vez o ciclo artístico da cantora-bailarina-darling-carioca, conhecida como “Fernandinha da Blitz”, e marcava a entrada em cena triunfal da “Fernandona do Baile”, ou, para todo o sempre, Fernanda Abreu.

Segue aqui o motivo de contar essa história: A boa e velha malandragem carioca resolveu naquele dia um dilema importante do show e que vinha a pontuar a carreira da cantora para sempre: Fernanda, ainda sem um repertório próprio, apostou em mostrar suas habilidades de front-woman num show de DISCO MUSIC! O set list foi todo feito com covers de hits de pista dos anos 70 e (pasmem!) mesmo sem repertório, Fernanda convenceu todas as cinco gravadoras presentes. A EMI-Odeon, de caneta em punho, levou a artista ali mesmo, onde ela permaneceu por muitos anos. Lá lançou seu primeiro álbum, em 1990, o ano seguinte ao famoso show, até sair da gravadora ao criar o seu próprio selo, GAROTA SANGUE BOM, em 2004.

A matemática diz: Fernanda Abreu, bailarina desde menina, é amiga da pista, e quem é da pista também é naturalmente conectada com DJs. E é aqui que a nossa longa relação começa a fazer sentido.

Conheci Fernanda exatamente no final daquele show em 89 onde, ao descerem do palco, pedi ao grande amigo Fabio Fonseca (seu tecladista no show) para ser apresentado a ela. Foi mais ou menos assim:

-“Fernanda, muito prazer. Eu confesso que não sabia o que esperar, mas adorei o show e a surpresa do repertório que obviamente falou alto pra mim”.

-“DJ Meme, o prazer é meu. Sou sua fã. Ouço seu programa de rádio sempre e adoro”.

Pronto, clicou! A admiração mútua e o amor pela mesma música fizeram nascer ali uma longa e progressiva amizade. Desde então, ela sempre conta com a minha contribuição em seus álbuns. No primeiro disco, “SLA RADICAL DISCO DANCE”, eu programei minha bateria AKAI MPC60 novinha na música “Space Sound to Dance”. No segundo disco, “SLA 2: BE SAMPLE”, remixei “Hello Baby” e “Rio 40 graus”. No terceiro disco, “DA LATA”, produzi a faixa “Babilônia Rock”, homenageando nossos ídolos em comum, Lincoln Olivetti e Robson Jorge. Em seu quarto álbum, “RAIO-X” ela aceitou uma ideia que eu vinha soprando em seu ouvido há alguns anos. E orgulhosamente recebi salvo-conduto para redesenhar nas medidas dela a tal faixa que eu sempre achei que cabia a Fernanda desde sempre: “Kátia Flávia, a Godiva de Irajá”, até hoje um dos seus maiores hits. (NR*: A gravação original é de 1987, do seu notável parceiro, Fausto Fawcett). No quinto disco, “ENTIDADE URBANA”, lá estava minha programação de bateria e samples em “Zona Norte – Zona Sul”. Agora chegamos juntos novamente ao mais recente álbum, “AMOR GERAL”, no qual eu não pude estar 100% presente, mas cedi loops de bateria para a faixa “Deliciosamente” e segurei sua mão do início ao final do disco, servindo sempre como um ouvido amigo (melhor definição não há) durante toda a concepção do projeto, desde suas composições iniciais, dezenas de escolhas e decisões ao longo do processo até a mixagem final, em que ela me enviava faixa a faixa pelo email enquanto eu estava longe, tocando na Itália.

Durante todos esses anos de convivência, percebi com clareza que Fernanda sempre apostou fichas nos DJs, criando com eles um laço carinhoso de convivência, harmonia e respeito. Ela jamais os esquece. Haviam sempre frases comuns que se repetiam com certa frequência:

– “Meme, acha que os DJs vão entender essa?” ou – “Meme, precisamos tirar um som que bata forte no peito pra quando chegar na mão dos DJs não soar distante das internacionais” ou – “Vamos chamar alguns DJs para darem opinião?” ou ainda “Pensei em fazer uma festa de lançamento só com DJs”. Sorte nossa tanto carinho.

Corta pra 2020.

Depois de 30 anos – e para comemorar tanto amor entre Fernanda e os DJs – a ideia desse ano veio como uma cereja no bolo:

– “Meme, quero que os DJs sejam responsáveis pela minha música neste ano de comemoração. Quero fazer o melhor disco de remixes já produzido no Brasil. Me ajuda?”.

E assim foi! Saímos para almoçar no Entrecôte do Shopping da Gávea e enquanto traçávamos um contra-filé com salada, juntamos uma lista de músicas que mereciam um carimbo novo e começamos ali mesmo a ligar para DJs/produtores que imaginávamos certos para cada missão. Fernanda ligou pessoalmente para cada um deles e o entusiasmo foi geral. Todo mundo topou de cara. A cada remix que chegava, tínhamos mais certeza de que havíamos escolhido o caminho certo. Fizemos, sem dúvida, o que ela queria: O melhor disco de remixes já produzido no Brasil! E eu posso dizer isso com segurança porque participei de todos até hoje.

Fernanda, catedrática em palco e experiente como poucos, sabe bem como conduzir um baile. É bom a gente lembrar que o estopim responsável pelo estouro de toda a geração pop dos anos 80 – que compreende Paralamas, Legião, Lulu Santos, Kid Abelha ou Capital Inicial – foi a banda BLITZ, ou seja… Fernanda já estava nos palcos bem antes de todos. Aqui no Rio de Janeiro, nós temos uma gíria bem específica para definir uma pessoa com muita experiência: “Fulano tem vários anos de baile, rapaz!!”.

Well, seria romantismo demais dizer que Fernanda tem pela frente mais 30 anos de baile, mas, por outro lado, isso nem importa porque, para nós DJs, o seu legado eterno já é uma lenda.

30 Anos de Baile
2021

Concepção: FERNANDA ABREU
Direção Artística: DJ MEMÊ
Produção Executiva: FERNANDA ABREU E DJ MEMÊ
Masterização: BERNARDO NOVAES
Capa: LUIZ STEIN
Design Gráfico: LUIZ STEIN E VICTOR HUGO CECATTO
Fotos De Divulgação: MURILO ALVESSO
Figurino: FELIPE VELOSO
Assessoria De Imprensa: BEBEL PRATES
Assessoria Digital: RAFAEL TEX
Assessoria De Comunicação: FEFA PERES
Assessoria Jurídica: MARIA CREUSA MEZA
Consultoria: CLAUDIA ASSEF
Label Manager GSB: BELINE CIDRAL
Realização: GAROTA SANGUE BOM MUSIC
Distribuição: UNIVERSAL MUSIC

30 Anos de Baile
2021
30 Anos de Baile
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30 Anos de Baile
2021