Vejam essa maravilha de cenário
É um episódio relicário
Que o artista num sonho genial
Escolheu para este carnaval
E o asfalto como passarela
Será a tela do Brasil em forma de aquarela
Passeando pelas cercanias do Amazonas
Conheci vastos seringais
No Pará, a ilha de Marajó
E a velha cabana do Timbó
Caminhando ainda um pouco mais
Deparei com lindos coqueirais
Estava no Ceará, terra de Irapuã
De Iracema e Tupã
E fiquei radiante de alegria
Quando cheguei na Bahia
Bahia de Castro Alves, do acarajé
Das noites de magia, do candomblé
Depois de atravessar as matas do Ipú
Assisti em Pernambuco
A festa do frevo e do maracatu
Brasília tem o seu destaque
Na arte, na beleza, arquitetura
Feitiço de garoa pela serra
São Paulo engrandece a nossa terra
Do leste, por todo o Centro-Oeste
Tudo é belo e tem lindo matiz
No Rio dos sambas e batucadas
Dos malandros e mulatas
De requebros febris
Brasil, essas nossas verdes matas
Cachoeiras e cascatas
De colorido sutil
E este lindo céu azul de anil
Emoldura em aquarela o meu Brasil
La, la, la, laia
La, la, la, laia
Já que sou brasileiro
E que o som do pandeiro é certeiro e tem direção
Já que subi nesse ringue
E o país do suingue é o país da contradição
Eu canto pro rei da levada
Na lei da embolada, na língua da percussão
A dança, a muganga, o dengo
A ginga do mamulengo
O charme dessa nação
Quem foi
Que fez o samba embolar?
Quem foi
Que fez o coco sambar?
Quem foi
Que fez a ema gemer na boa?
Quem foi
Que fez do coco um cocar?
Quem foi
Que deixou um oco no lugar?
Quem foi
Que fez do sapo cantor de lagoa? Diz aí, Tião! – Tião?
– Oi.
– Foste?
– Fui.
– Compraste?
– Comprei.
– Pagaste?
– Paguei.
– Me diz, quanto foi?
– Foi quinhentos reais.
– Me diz, quanto é que foi?
– Foi quinhentos reais.
Já que sou brasileiro
Do tempero, do batuque
Do truque, do picadeiro
Do pandeiro e do repique
Do pique do funk-rock
Do toque da platinela
Do samba na passarela
Dessa alma brasileira
Despencando da ladeira
Na zoeira da banguela
Só ponho be-bop no meu samba
Quando o Tio Sam pegar no tamborim
Quando ele pegar no pandeiro e no zabumba
Quando ele entender que o samba não é rumba
Aí eu vou misturar
Miami com Copacabana
Chicletes eu misturo com banana
E o meu samba vai ficar, vai ficar…
(esta música é dedicada ao Otto. Valeu a inspiração!!!)
O meu amor é teu
O teu desejo é meu
O teu silêncio é um véu
E o meu inferno é o céu
Pra quem não sente culpa de nada
E se não for, valeu
E se já for, adeus
O dia amanheceu
Levante as mãos para o céu
E agradeça se um dia encontrar
Um amor, um lugar pra sonhar
Pra que a dor possa sempre mostrar
Algo de bom
Eu ainda lembro o dia em que eu te encontrei
Eu ainda lembro como era fácil viver
Eu ainda lembro o dia em que eu te encontrei
Eu ainda lembro como era fácil viver
Ainda lembro
Rio de Janeiro, cidade maravilha
A lata
Na batida começou a batucada
Veneno da lata
Bate bate bate na lata
Vamo batê lata
É lata da bateria
Mil novecentos e noventa e cinco
Sete e meia da manhã
Tá na hora de descer pra trabalhar, é
Tá na hora de descer pra ter
O que ganhar
Mil novecentos e noventa e cino
Dez e vinte eu vou pra lá
Tá marcado pra chegar
Ouviu dizer, ouviu falar
Não sabe bem, deixa pra lá
Dez e vinte eu vou chegar
Pra ver o que há
Suingue balanço funk
É o novo som na praça
Batuque samba funk
É veneno da lata
Suingue balanço funk
É o novo som na praça
Batuque samba funk
É veneno da lata
Vamo batê lata!
Meio dia e quinze, eu nem acordei
Já vou ter que almoçar
Tá marcado pra chegar
Não escuto o que eles dizem
Não escuto o que eles falam
Não falo igual, não digo amém
Tem que falar com o Jê
Tem que falar com o Zé
É batumaré
Seis e meia tô parado
Pôr-do-sol abotoado
Na Lagoa, no Aterro
Tô parado
Voluntários, São Clemente
Tô parado
No Rebouças, Túnel Velho
Tô parado pra ver
Quatro sete sete cinco meia no batuque samba-funk da alegria arrastão
Ouviu dizer, ouviu falar, não sabe bem, deixa pra lá
O batuque samba-funk é o veneno
Depois mais tarde, já de noite
Tudo em cima, já no clima
Vou correndo te encontrar
Tá marcado pra chegar
Vou te buscar, vou te pegar
Vou te apanhar pra te mostrar
Pra ver o que há, pra ver o que há
É só subir sem se cansar
Depois descer pra trabalhar
Sete e meia, meio-dia
Seis e meia, dez e vinte
Dez e vinte eu vou chegar pra te pegar
Pra ver o que há, pra ver o que há
Junto com a boca
Vem a coxa debochando
No compasso do escândalo dançante
Meio samba, meio funk
Vem dançante no açúcar
Da presença feminina carioca
Suburbana carioca Zona Sul
Corpo que é alma
Assim sublime, irresistível
Inspiração
De cidade maravilha cortesã
Sintetizada pelas ondas
De um corpo feminino que é
Prestígio de calibre sensual
Olha o jeitinho dela falar
Olha o jeitinho dela dançar
Olha o jeitinho dela olhar
Olha o jeitinho dela andar
Olha o jeitinho dela paquerar, oh yeah
Olha o jeitinho dela
Go-go-go
Garota carioca
Suingue sangue bom
Garota carioca
Suingue sangue bom
Dá gosto de ver a inteligência
Movendo um corpinho como esse
Luz gostosa de boate
Fervilhante pagodinho churrascante
Na noturna suburbana
Tem garota sangue bom
Garota sangue bom
No charme do suíngue
Do desejo inevitável
Que é convite irrecusável
Que é o açúcar da presença feminina carioca
Quente paraíso do espírito excitado
Pela festa dos sentidos animados pelo sol
Quente paraíso do espírito excitado
Pela festa dos sentidos animados pelo mar
Quente paraíso do espírito excitado
Pela festa dos sentidos animados pelo sol
Quente paraíso do espírito excitado
Pela festa dos sentidos animados pelo mar
Cada dia que passa
É mais um dia que passa
Pra onde o destino me leva
Eu não sei
Eu ando pela cidade
Speed Racer, pela cidade
Mach 5 cor de prata
Em alta velocidade
Em alta velocidade
De dentro do meu carro eu vejo
A chuva, o sol, l vento e as nuvens
Dando voltas na Lagoa e eu penso
A vida nem sempre é boa
A vida nem sempre é boa
Até por ruas mais estreitas
Ou por grandes avenidas
Cruzando viadutos e túneis
Passam-se dias e noites
Passam-se dias e noites
Rasgando o espaço
Eu sinto o sol
Batendo em minha cara
Eu tenho a força
Eu sou veloz
No Mach 5 em alta velocidade
Em alta velocidade
Jorge sentou praça
Na cavalaria
Eu estou feliz porque eu também
Sou da sua companhia
eu estou vestida com as roupas
E as armas de jorge
Para que meus inimigos tenham pés
E não me alcancem
Para que meus inimigos tenham mãos
E não me toquem
Para que meus inimigos tenham olhos
E não me vejam
E nem mesmo um pensamento
Eles possam ter para me fazerem mal
Salve jorge
Salve o jorge
armas de fogo
Meu corpo não alcançarão
Facas e espadas se quebrem
Sem o meu corpo tocar
Cordar e correntes arrebentem
Sem o meu corpo amarrar
Porque eu estou vestida
Com as roupas e as armas de jorge
Salve jorge
Salve jorge
Eu estou vestida
Com as roupas e as armas de jorge
Para que meus inimigos
Tenham pés e não me alcancem
Tenham mãos e não me toquem
Tenham olhos e não me vejam
E nem em pensamento possam me fazer mal”
Salve jorge
Salve jorge
Rio 40 graus
Cidade maravilha
Purgatório da beleza e do caos
Capital do sangue quente do Brasil
Capital do sangue quente
Do melhor e do pior do Brasil
Cidade sangue quente
Maravilha mutante
O rio é uma cidade de cidades misturadas
O rio é uma cidade de cidades camufladas
Com governos misturados, camuflados, paralelos
Sorrateiros ocultando comandos
Comando de comando submundo oficial
Comando de comando submundo bandidaço
Comando de comando submundo classe média
Comando de comando submundo camelô
Comando de comando submáfia manicure
Comando de comando submáfia de boate
Comando de comando submundo de madame
Comando de comando submundo da tv
Submendo deputado – submáfia aposentado
Submundo de papai – submáfia da mamãe
Submundo da vovó – submáfia criancinha
Submundo dos filhinhos
Na cidade sangue quente
Na cidade maravilha mutante
Rio 40 graus…
Quem é dono desse beco?
Quem é dono dessa rua?
De quem é esse edifício?
De quem é esse lugar?
É meu esse lugar
Sou carioca, pô
Eu quero meu crachá
Sou carioca
“Canil veterinário é assaltado liberando
Cachorrada doentia
Atropelando na xinxa das esquinas
De macumba violenta
Escopeta de sainha plissada
Na xinxa das esquinas de macumba gigantesca
Escopeta de shortinho de algodão”
Cachorrada doentia do joá
Cachorrada doentia são cristóvão
Cachorrada doentia bonsucesso
Cachorrada doentia madureira
Cachorrada doentia da rocinha
Cachorrada doentia do estácio
Na cidade sangue quente
Na cidade maravilha mutante
Rio 40 graus…
A novidade cultural da garotada
Favelada, suburbana, classe média marginal
É informática metralha
Sub-azul equipadinha com cartucho musical
De batucada digital
Meio batuque inovação de marcação
Pra pagodeira curtição de falação
De batucada com cartucho sub-uzi
De batuque digital, metralhadora musical
De marcação invocação
Pra gritaria de torcida da galera funk
De marcação invocação
Pra gritaria de torcida da galera samba
De marcação invocação
Pra gritaria de torcida da galera tiroteio
De gatilho digital
De sub-uzi equipadinha
Com cartucho musical
De contrabando militar
Da novidade cultural
Da garotada da favelada suburbana
De shortinho e de chinelo
Sem camisa carregando
Sub-uzi e equipadinha
Com cartucho musical
De batucada digital
Na cidade sangue quente
Na cidade maravilha mutante
Rio 40 graus
Cidade maravilha
Purgatório da beleza e do caos
Well sista Fernanda
I want you for step up
With this ya one ya now
Quick quick quick
A vida inteira assim
O que eu sou devo a mim
E aos meus amigos serei
Fiel até o final
Não vem você me dizer
O que ninguém quer saber
Fique na sua e talvez
Ainda possa ter ouvir
Quem é você
Pra me dizer
O que é que eu devo fazer ou
O que eu não devo fazer
A vida inteira pra mim
Um dia não outro sim
Difícil é reconhecer
Saber ganhar ou perder
Mas tudo bem não faz mal
Nem todo o mundo é igual
A vida dá tantas voltas
Não se sabe o final
Quem é você
Pra me dizer
O que é que eu devo fazer ou
O que eu não devo fazer
We’ve got the whole life to live
So let’s live it true
I am i and you are you
So who are you to tell me
What i can and can’t do
My name is daddae harvey
And i’m just a pass thru
Cause sometimes it’s yes
And sometimes it’s no
You only reap ya know what you sow
And sometimes you win
Ya know sometimes you lose
It’s up to me to pick and choose
Quem é você…
Pra me dizer
O que é que eu devo fazer ou
O que não devo fazer
Vamo lá rapaziada
Todo mundo dançando
Vamo lá rapaziada
Todo mundo pulando
Vamo lá rapaziada
Todo mundo dançando
Dançando sem parar
O brasileiro é do suingue
O brasileiro é do baile
O brasileiro é de festa
O brasileiro tem carnaval no sangue
Tem carnaval no sangue
Eu digo
Deixa solta essa bundinha
Deixa solto esse quadril e grita
Brasil, Brasil
Brasil é o país do suingue
Vem comigo dançar
Em Belém do Pará
Na festa aparelhagem tupinambá
Vem comigo vem dançar
O reggae do Maranhão
Nos tambores da crioula
À toa rebolar
Vem comigo dançar
O forró bem Cearense
E o reggae do surfista catarinense
Vem comigo pra São Paulo,
Vem dançar na Liberdade
Se acabar na festa funk-japonesa,
Que beleza
Vamo pra Bahia se acabar na rua
No escolacho da delícia
De vontade de festa
É timbalada, ilê aiê,
Candomblé de umbandance
É timbalada, eiê aiê,
Candomblé de umbandance
Vem dançar em Pernambuco
O mangue-beat recifense
Vem dançar em Porto Alegre
O rock-funk do Ocidente
Vem comigo, vem pro Rio de Janeiro
Vem comigo, vem pro Riio de Janeiro
Cidade do swing sensual demais
Toda a esquina é samba-funk,
Vem pro Rio de Janeiro
Terra de malboro,
Rei dos bailes big mix
Big mix total big mix total
Honolulu
Honolulu
Honolulu
Honolulu
Eu digo
Deixa solta essa bundinha
Deixa solto esse quadril e grita
Brasil, Brasil
Brasil é o país do suingue
Vamo lá rapaziada
Todo mundo dançando
Vamo lá rapaziada
Todo mundo pulando
Vamo lá rapaziada
Todo mundo dançando
Dançando sem parar
Funk Nordeste
Funk Noroeste
Funk Centro-Oeste
No Sudeste, Norte-Sul
Mato Grosso, Pernambuco,
Maranhão e Goiás
Rondônia, Paraíba, Paraná,
Minas Gerais
Brasília, Roraíma,
Piauí, Espírito Santo
São Paulo, Ceará, Acre, Tocantins
Amazonas, Sergipe, Alagoas, Amapá
Santa Catarina, Bahia e Pará
Rio Grande do Norte,
Rio Grande do Sul
Grande Rio de Janeiro
Eu digo
Deixa solta essa bundinha
Deixa solto esse quadril e grita
Brasil, Brasil
Brasil é o país do suingue
Honolulu…
Kátia Flávia
É uma louraça Belzebu
Provocante
Uma louraça Lucifer
Gostosona
Uma louraça Satanás
Gostosona e provocante
Que só usa calcinhas comestíveis e calcinhas bélicas
Dessas com armamentos bordados
Calcinha de morango
Calcinha geladinha
Calcinha de rendinha
Ex-miss Febem
Encarnação do mundo cão
Casada com um figurão contravenção
Ficou famosa por andar num cavalo branco
Pelas noites suburbanas
Toda nua, toda nua
Toda nua, toda nua
Matou o figurão
Foi pra Copacabana
Roubou uma joaninha
E pelo rádio da polícia ela manda o seu recado
Pelo rádio da polícia ela manda o seu recado
Get out, get get out!
Pelo rádio, pelo rádio, pelo rádio, pelo rádio
Pelo rádio da polícia ela manda o seu recado
Alô polícia
Eu tô usando
Um Exocet
Calcinha!
Um Exocet
Calcinha!
Meu nome é Kátia Flávia
Godiva do Irajá
Me escondi aqui em Copa
Alô, alô
Polícia
Polícia pode vir
Polícia Belford Roxo, de Duque de Caxias
Polícia Madureira, polícia Deodoro
São Cristóvão, Bonsucesso, da Benfica
Da Pavuna, da Tijuca, de Quintino, do Catete, Grajaú
Polícia do Flamengo, polícia Botafogo
Da Barra da Tijuca
Polícia, polícia, polícia
Polícia pode vir
Porque
Meu nome é Kátia Flávia
Godiva do Irajá
Me escondi aqui em Copa
Kátia Flávia
É uma louraça Belzebu
Provocante
Uma louraça Lucifer
Gostosona
Uma louraça Satanás
Gostosona e provocante
Que só usa calcinhas comestíveis e calcinhas bélicas
Louraça Belzebu
Calcinha antiaárea
Louraça Lucifer
Calcinha framboesa
Louraça Satanás
Calcinha de morango
Louraça Belzebu
Calcinha
Exocet
Alô polícia
Eu tô usando
Um Exocet
Calcinha!
Um Exocet
Calcinha!
É incrível a nossa história
Sem nenhuma prova concreta
Só palavras, que voam com o vento
Imagens que eu guardo na memória
Um segredo inviolável
De uma paixão inflamável
Mas que nunca incendeia
Nem em noite de lua cheia
Às vezes passo dias inteiros
Imaginando e pensando em você
E eu fico com tantas saudades
Que até parece que eu posso morrer
Pode acreditar em mim
Você me olha, eu digo sim
Mas eu nem sei se sofro assim
O que eu quero é você pra mim
A tarde cai
A noite vem atropelando
Todos os chatos desanimados
Tá na hora de acordar e sair
E ver que a vida é se divertir
A noite é negra
E os holofotes vasculham
Toda essa escuridão
À procura de um lugar ideal
Pra dançar e barbarizar
Dance
A noite é quente
A noite é fria
Uma droga de arrepiar
E não importa mais se existe razão
Não tem pecado, nem perdão
You and me
Eu quero é me divertir
Moi et toi
A noite é feita pra dançar
You and me
Moi et toi…
Dance
Se é que existe diferença entre o bem e o mal
Dance
Se é que existe diferença entre o inferno e o céu
Dance
Se é que existe diferença entre as trevas e a luz
Dance
(D-I-S-C-O – We gonna disco all night)
Relache tes fesses
Relache tes hanches
S’ll existe une
Différence entre le bien et le mal
Don’t push me
Cause I’m close
To the edge
I’m trying not to
Lose my head It’s like a jungle
Sometimes it makes
Me wonder how l deep
From going under
Você vai cair de boca
Enlouquecer
Você tá marcando touca
Vem me conhecer
Por aí é carnaval
Veneno não faz mal
Tem serpente, serpentina
Saca na geral
Rio babilônia
Oh oh oh
Este disco já nasceu na forma de um projeto especial, diferente de um “disco de carreira”.O principal motivo foi a vontade de mostrar um pouco do trabalho que venho fazendo ao longo desses anos, mas, de uma forma variada (remixes, releituras, regravações e inéditas). Essa espécie de revisão, esse “Raio X”, surgiu basicamente da necessidade de pensar, e confirmar minha identidade musical, que inclui a idéia de localizacão, origem,nacionalidade e vivência.) Apesar de estar na estrada à algum tempo (desde 82), com a Blitz, não tenho uma estrada autoral tão grande assim a ponto de fazer uma “coletânea discográfica”, mas pra mim, esse caminho iniciado em 90 (a partir da minha carreira solo), parece suficientemente longo pra se contar uma pequena história. Uma história construída em cima do som dançante, do balanço, do suingue,do groove.
Uma história de muito trabalho, mas também de muito prazer, principalmente por poder contar com amigos especialíssimos, que de uma maneira ou de outra influenciaram e influenciam meu trabalho. Nesse CD fiz questão de mostrar parcerias muito legais que fiz no decorrer desses anos. A mais consistente, instigante e duradoura foi com Luiz Stein (responsável não só mas também, pelas capas dos discos, vídeos e cenários dos shows). Essa representação visual é fundamental na afirmação dessa identidade, dessa “autoralidade”. Por isso achei que essa parceria merecia ser mostrada de uma maneira especial, através de um vídeo e de um pequeno livro de fotos que fazem parte desse projeto.
Outro fator que me fez pensar nesse disco, foi estar na estrada excursinando durante um ano e meio com o show “Da Lata”. Chegamos a gravar três shows que fizemos no Palace em São Paulo pra lançar um provável disco ao vivo (já que o repertório era bem representativo da minha carreira), mas achava pouco pra traduzir o que eu queria e sentia. É como se eu tivesse vivido muito, em muito pouco tempo. Fiz muitos shows. Vi muitos cantos do Brasil. Muito Brasil. Muita riqueza. Muita miséria. Muita mistura. Muito contraste. Muita gente legal. E muita platéia legal. Saí com o Rio de Janeiro na bagagem e voltei com o Brasil. Poder contar com o olhar e o suingue de Pernambuco do Chico Science, da Bahia do Brown, de São Paulo do Abujamra, do Rio do morro da Mangueira por exemplo, tornava esse projeto bem mais interessante pra mim. Uma espécie de revisão atualizada, numa edição revista e ampliada.
O repertório do CD então, naturalmente acabou sendo quase o roteiro do show “Da Lata”. As músicas escolhidas para serem remixadas, relidas, e mesmo a concepção das músicas novas partiram desse “mote”. “A noite”, “Voce pra mim” e “Speed Racer” são do primeiro disco “SLA Radical Dance Disco Club”. “Rio 40 graus”e “Jorge de Capadocia “são do segundo” “SLA 2 – Be Sample”. “Veneno da Lata”, “Garota Sangue Bom” e “E hoje” são do terceiro “Da Lata”. Entre as regravações tem “Katia Flavia” e “Aquarela Brasileira”. O Bloco Rap -Rio é uma grande colagem em homenagem ao Rio e as músicas inéditas são presentes de amigos. “Um amor,um lugar” do Herbert Vianna e “Jack soul brasileiro” do Lenine.
fAiXa a FAixA, pOr feRnAndA
Vou tentar, resumidamente, contar um pouco da HisTóRiA de cada uma das faixas desse disco de muitas hIStóRiAs. Mas, o mais legal de todo o processo foi disparado a possibilidade de trabalhar e cONhEceR melhor pessoas que eu AdmIrO muito (artistas, músicos e técnicos). Este é um disco desses tALentOS. Valeu galera. AtÉ…
1- “Raio X”,a vinheta de abertura, é a faixa editorial do disco. Queria que as pessoas ouvissem o CD e já soubessem de cara do que se tratava. Chamei o Chacal porque ele é o cara que transforma uma idéia, um conceito, em poesia. “Be Sample”, e “A Lata” são emblemáticas. Um dia conversando sobre o nome do CD, falamos sobre biografia, discografia, releitura, remix, revisão, então pensamos em abreugrafia revista e sampleada e finalmente “Raio X – Fernanda Abreu / Revista e Ampliada”.Grande Chacal. Uma pessoa chave. Abre portas.
2- “Aquarela Brasileira” já estava na minha cabeça desde o CD “Da Lata”. Esse samba-enredo inspirou a composição de “Brasil é o país do suingue”.Já ouvia essa música desde pequena e me aproximei ainda mais dela, quando tive a oportunidade de canta-la num show que participei com a Velha Guarda da Mangueira. Lá conheci grandes sambistas e músicos. Alguns deles estão nessa faixa. E ainda conto com o groove do Suzano. É samba. Ficou samba.
3- “Jack suol brasileiro” é outra história. Fui fazer um show em N.Y. em julho de 96 num evento em que também foram tocar: Chico Science e Nação Zumbi, Mundo Livre, Lenine e Suzano e ect… Numa noite fomos ao S.O.B. para dançar e beber. Otto, percussionista do Mundo Livre, começou a cantar a “Cantiga do Sapo” de Jackson do Pandeiro em cima de uma base de Hip-Hop. O rap-repente ficou muito bom. Vi que tinha um lance ali. Quando cheguei, liguei pra pessoa certa pra fazer essa conexão Rio-Nordeste: Lenine. A música ficou excelente. Chico Neves foi clássico. Valeu Lenine. Valeu Otto.
4 – “Um amor, um lugar” é uma composição do Herbert (Vianna). Conheço o Herbert desde da época da Blitz. A gente se reencontrou no disco “Império dos Sentidos” do Fausto (Fawcett), logo depois produziu a minha primeira demo e levou pra gravadora. Daí produziu com Fabio Fonseca o primeiro disco (“SLA Radical…”), tocou no segundo (“SLA 2-Be Sample”), tocou, cantou e inspirou (com o CD “Severino” e “Ê Batumaré”) o terceiro (“Da Lata”) e compôs, cantou, tocou e escreveu pra esse. Fez uma linda canção falando de amor. Muito romântica e otimista. Arrebentou. Chico (Neves), mais uma vez, foi clássico. ƒ Herbert, um beijo. Grande artista e grande amigo.
5- “Rio 40 graus” também começou em N.Y. Eu e Chico (Science) ficamos mais próximos, (porque até aí, nós só nos encontravamos quando dividiamos shows), então tive a idéia de convida-los (ele e Nação Zumbi) pra fazer uma leitura de “Rio 40 graus”. Desde o início do projeto tinha certeza que os caras iam criar um super groove pra essa música, e que a letra de “Rio 40 graus” iria ficar sensacional dita da boca do Chico. Deu no que deu. Mangue-beat na cabeça. Foi ótimo trabalhar com eles. Detalhistas, exigentes e muito gente fina. “A ciência que o Chico me deixou é genial -tem côco, embolada, maracatú e mangue-town”. Aí galera do Nação: isso é só o começo.
6 – “Jorge de Capadócia” era outra música que eu já tinha na cabeça a idéia de chamar o Brown pra fazer. Fui à Bahia, no Candeal, comi um super cozido da Dona Madalena (mãe do Brown), ele veio ao Rio, mas só no dia da gravação é que conseguimos nos concentrar no arranjo. Chamei o Chico (Neves) e o Berna e num Pró-Tools fizemos um verdadeiro batuque digital com os grooves que o Brown ia “levando”. Ele tocou todos os instrumentos da faixa, menos alguns que utilizamos da gravação original e alguns sons criados por Chico e Berna. Adorei o resultado. Brown é mesmo um cara especial. É energia de criação bruta o tempo todo. É isso aí,meu Rei.
7- “Speed Racer” é uma das minhas músicas favoritas. Ela nasceu no estúdio, na gravação do primeiro disco. Eu tinha a letra pronta mas a música e a melodia não eram muito legais então o Herbert pegou a guitarra e compôs essa música linda em que se transformou Speed Racer. Como ela foi criada a partir da guitarra ninguém melhor pra fazer uma releitura dela do que Fernando Vidal (guitarrista excepcional) e Aurelio Dias (grande maestro). Eles dois, mais Bodão (baterista), são a alma do meu som. Eles tocam comigo desde do meu primeiro show solo em 1989. Criaram um arranjo lindissimo e emocionante valorizado pelo arranjo de cordas. Valeu galerinha.
8- “A noite” foi o meu primeiro single lançado em 1990. Essa época me lembra muito São Paulo. Não saía de lá.Por outro lado eu e o André já tinhamos pensado em trabalhar juntos antes. Já gostava dos Mulheres Negras e adoro o Karnak. E o André é um cara muito talentoso e com grande senso de humor. Ao mesmo tempo ele trabalha direto com o Evaldo Luna (engenheiro de som que também trabalha comigo desde o início. É um cara que veste a camisa, e ainda faz um grande trabalho como fotógrafo, registrando praticamente todas as tournês). Juntos criaram esse remix pra “A noite”. Arrasaram. Dá-lhe S.P.
9- “Você pra mim” tinha a responsabilidade de ter sido um sucesso radiofônico. Serginho (Sérgio Mekler, editor de som e imagem e grande amigo desde os tempos de PUC) disse que queria fazer essa música. Então junto com Berna e Kassim (Acabou La Tequila), fizeram algo dificil de descrever e genial de ouvir. Quando eles me mostraram o rascunho do remix, adorei, mas achava que a melodia original da introdução tinha que pintar, então tivemos a idéia de chamar o Lulu pra tocar um sitar. Ele arrebentou, como sempre. O engraçado é que durante a gravação, a gente brincava e se referia a essa faixa como “O remix dos 3 Nerds”. So cool.
10 e 11- Os remixes das músicas “Garota Sangue Bom” e “Veneno da Lata” queria fazer com uma galera de fora. Mas não podia ser ninguém “caindo” de paraquedas. Tinha que ser alguém que conhecesse o meu trabalho e um pouco de música brasileira. Então chamei o Will (Mowat) pra fazer “Garota…” porque já tinha produzido parte do CD “Da Lata”. “Veneno da Lata” é outra história. Eu estava no estúdio Mega gravando e o Planet Hemp também, então o D2 me chamou pra gravar uma participação no disco deles e conheci o Caldatto, que mais tarde, se interessou em fazer o remix. Os dois ficaram bem legais.
12- “Bloco Rap-Rio” saíu do show “Da Lata”. É uma colagem de trechos de músicas, numa espécie de pout-pourri criado em homenagem ao funk e ao samba do Rio. Como eu queria a presença da galera que, pra mim, representa o novo som da cidade e queria gravar “Katia Flavia” numa faixa separada (no show ela fazia parte do Bloco-Rap), tive que reformular tudo. Então Aí eu e a banda fomos pro estúdio e gravamos uma especie de “roteiro” musical que costurasse essa colagem. As participações do Rappa, Planet Hemp, B.Negão, Arícia, Fausto, Laufer e Jovi foram sensacionais. Os D.J.’s Zé Gonzales e Rodrigo nos scratches deram o tom que faltava pro clima da faixa. E pra tirar o som, num clima “ao vivo”, ninguém melhor que Evaldo Luna.
13- “Katia Flavia” é um marco pra mim, Não consigo pensar em rap e funk carioca sem pensar em “Kátia Flávia”. Um disco que fala desse universo, dessa linguagem, não podia deixar de reler essa pérola. Além do mais, Fausto (Fawcett) é o grande poeta da beleza e do caos da cidade do Rio de Janeiro, e é um dos meus melhores amigos .Memê, no telefone,me intimou a dar-lhe essa música pra produzir. Tudo a ver. Mais uma vez,ele arrebentou. Olha a Louraça Belzebú aí, gente. Amém,Fausto,amém.
14 – Na faixa “É hoje” nem pestanejei em chamar o Ivo Meireles e o Funk’n Lata pra mostrar o valor do verdadeiro samba-funk. O Ivo é um cara sensacional. É um cara novo e já tem muita história pra contar. Já é um clássico na Mangueira. Esse trabalho com o Funk’n Lata é muito bom.Política e musicalmente. Tudo que a gente quer no Rio é democratizar a música, é poder ouvir o som que essa galera nova, que mora no morro, tá fazendo,e não só o som do alfalto classe média- zona sul. Afinal, o morro é o reduto dos bambas. É isso aí, Ivo Meireles. Aí tá certo.
Começar o disco com o pessoal da velha guarda da Mangueira e terminar com o som do Funk’n Lata,pra mim, sintetiza toda a idéia do disco. Idéia de que,nesse país miscigenado e antropofágico, a nossa tradição cultural e racial vêm do verbo misturar. Um disco que mistura Tambor de Maracatú, Timbau da Bahia, Bumbo eletrônico e Surdo de Samba a serviço da música pop dançante e brasileira.Não preciso nem falar da utilização de Pró-tools,Samples, Macintosh’s e tecnologia em geral nesse caldeirão, porque já são parte orgânica do meu trabalho e da linguagem pop universal. Acho que esse disco afirma a idéia de que a partir dos anos 90 a Música Pop Brasileira mistura, de uma maneira mais efetiva, o “Brasil” na sua linguagem. Ser brasileiro, pra ser do mundo. Do particular pro geral. Sangue bom nas veias desse Rio brasileiro,ampliando seu batuque para o mundo inteiro…para o mundo inteiro…
fERnAndA aBReU
CD Concepção e produção geral Fernanda Abreu Direção artística João Augusto Coordenação de produção José Fortes e Jerônymo Machado Assessoria executiva Marcelo Sebá Assistente de produção Robinson Schweitzer Arranjos vocais e produção de voz Felipe Abreu Gravado no Estúdio Mega (RJ) entre novembro/96 e março/97, exceto “Speed Racer”, gravada no Estúdio Nas Nuvens: “é hoje”, gravada nos Estúdios Mega e Discover; e “Aquarela Brasileira”, “Jack Soul Brasileiro” e “Um Amor, Um Lugar” gravadas nos Estúdios Mega e 302 Engenheiros de gravação Márcio Gama (Mega), Vitor Farias (nas nuvens), Chico Neves (302) e Florência Saravia (Discover) Gravações adicionais (Mega) Marcos Adriano Assistentes de gravação Max Pierre, Gabriel Pinheiro e Marco Aurélio (Mega) e Mário Léo, Daniel Pires e Bruno Leite (nas Nuvens) Mixado no Estúdio Mega em março e abril/97 por Márcio Gama e Will Mowat Assistentes de mixagem Max Pierre, Marco Aurélio e Márcio Thees Montado e masterizado no estúdio Whitfield Street (Londres) por John Davis Capa e design gráfico Luiz Stein Fotografia Adriana Pittigliani Produção Déa Dornelles Martins Assist. Arte Daniel de Souza Assist. Foto Silvano Martins Maquiagem Rose Verçosa Figurino Rui Cortes Cabelo Dinorah / (Saravá, Man Ray) SHOW Computador e Sampler Berna Ceppas Bateria Cesar Farias (Bodão)
Baixo Aurélio Dias Guitarra Fernando Vidal Teclados Ricardo Fiuza Violão e Cavaquinho Rodrigo Campelo Percussão Jovi Vocal Che Leal Cenografia e direção de arte Luiz Stein Iluminação Zé Luiz Joels (Oficina de Luz) Coreografia Fernanda Abreu/Che Leal/Débora Colker Figurino Lili Clark Direção musical Fernanda Abreu/Aurélio Dias/Fernando Vidal Engenheiros de som Evaldo Luna (PA)/Marcos Amorin (Monitor) Direção de palco Márcio Barros Roadies Robinson Schweitzer/Jander Dornellas Projeção On Projeção e Vídeo Edição de vídeo Tuco Computação gráfica Patrícia Tebet Confecção Cenário (Bandeiras) Coopa Roca Cenotécnicos Arte e Cena Produção geral SLA Dance Disco Clube Prod. Artísticas/Os Quatro Prod. Artísticas Coordenação de produção José Fortes/Jerônymo Machado Divulgação Luiz Menna Barreto Assistente de produção Luciana Campos/Andrea Franco
Assitente cenografia Isabela da Silveira Assistente de direção Cristina Amadeo Direção geral Fernanda Abreu AGRADECIMENTOS Luiz (te amo), Sofia (te adoro), Severina, meu pai, minha mãe, Felipe, Chico Neves, Memê, Pedro Luís, Herbert, Linine, Vidal e Aurélio, Abujamra e Evaldo, Chico Science & Nação Zumbi, Brown, Will Mowat, Caldato, Planet, Rappa, Fausto e Laufer, Arícia, Chacal, Berna, Kassin, Mekler, Lulu, Jovi, Ivo Meirelles e Funk”n Lata, à minha banda e à minha equipe, um beijo especial para Márcio Gama (grande parceiro) e para todos esses grandes músicos e técnicos que participaram desse projeto, contribuindo com seu talento, gostaria de agradecer também a Aloysio Reis, João Augusto, Denise Romano (grande companheira de viagem), Alberto Runkel, Chico Ribeiro, Nunes e todo o pessoal da EMI; Luciana, Patrícia, Sílvio e Kátia (dos 4); Zé e Jê (os melhores); Sebá (a porta está sempre aberta), Robinson (Sick Boy), Andréa (seja bem-vinda): Luís Affonso, Líber, Pedro, Lenora, Cristina e todo o pessoal do Mega; Paulo André (Nação Zumbi), Ivana (Brown), Ronaldo (Planet), Denise (Rappa), Bueno; Solange e Wanda (pelo Rango), Luiz Menna, Jorge Davidson, Leila, Camila, Lilian, Berg, Bira, Josimar e todo o pessoal da velha guarda da mangueira, Ana Jobim, Suzana de Moraes.
A “Revista Raio X” reúne imagens de divulgação e shows dos discos “Sla Radical Dance Disco Club”, “Sla 2 Be Sample”, “Da Lata” e “Raio X”. A revista é um projeto especial de Fernanda Abreu que acompanhou o lançamento de seu disco “Raio X”, em edição limitada.